Assim como existem três “nações” mais
conhecidas no Candomblé, a Bahia também tem três casas africanas – a Casa de Angola, a da Nigéria e a do Benin. As casas são centros culturais independentes da religião do
candomblé, mas oferecem informações sobre esses países, através de exposições permanentes, bibliotecas, palestras ou visitas guiadas, que tanto enriquecem os conhecimentos dos seus praticantes como da população em geral.
Casa do Benin
A primeira casa africana, fundada no centro histórico de Salvador, o Pelourinho, foi a casa do Benin. Localizada ao lado de uma igreja azul, construída por escravos – a
Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, um ícone da africanidade baiana.
O projeto da Casa do Benin foi iniciado pelo
etnólogo e fotógrafo francês Pierre Verger nos anos 80. “A grande maioria dos baianos, não entende à primeira vista porque a casa do Benin.

Para ser sincero, a maioria dos baianos não sabem nem o que é o Benin.
“Alguns chegam aqui perguntam quem é o Benin, achando que é uma pessoa. E aí depois que eles têm contacto com a casa é que entendem a relação histórica que há entre o Benin e a cidade de Salvador.”
Segundo estudos realizados, a importância do Benin na formação da cultura de Salvador da Bahia até supera a influência de Portugal: “Seja na cor seja no vocabulário nos trejeitos, na religião ou na alimentação.”
Casa de Angola

A criação da Casa de Angola causou menos estranheza à população baiana, talvez pela língua portuguesa que Angola e o Brasil têm em comum. Mas há mais semelhanças, como lembra Camilo Afonso, o primeiro adido cultural adjunto angolano da instituição, criada em 2008: “Os instrumentos musicais, como o berimbau, e a dikanza, que é o reco-reco. Aqui a capoeira, é capoeira de Angola. Eles aqui recriaram-na mas no cancioneiro deles você encontra Angola, a palavra ginga e por aí afora.”
Os pratos típicos de Salvador como a moqueca, um caldo de peixe, e o caruru, ligam os dois países pelo estômago e pela semelhança do vocabulário, diz Camilo Afonso: “Você vai encontrar aqui moqueca de peixe e caruru, que para nós lá em Angola, é calulu. Aqui é um caruru feito de uma outra forma. Mas no fundo também existe em Angola ou na África Central.”
Casa da Nigéria
O diretor da Casa da Nigéria conta o que
alguns visitantes procuram aprender porque
se ensina yorùbá na Casa da Nigéria: “A língua da liturgia do candomblé é o ioruba. Então
eles estão sempre ansiosos por aprender.
Sempre que se deparam com uma palavra que não entendem, eles vêm aqui para procurar o significado.”
A Bahia de Todos os Santos deve as suas sonoridades, cores e sabores às culturas
africanas. África chegou ao Brasil no século XVI pela escravatura, mas ficou e criou uma nova africanidade no nordeste do Brasil.
