A galinha de Angola, conhecida como Ẹtù ou Etun na língua iorubá, é um dos símbolos mais sagrados e importantes dentro do Candomblé e do culto tradicional iorubá. Ela representa a iniciação, a fecundidade da vida espiritual e a ligação entre o iniciado e seu Orixá.
Significado
Segundo os relatos tradicionais e Ìtàn (histórias sagradas), a galinha de Angola foi escolhida por Obatalá e Osun para ser o animal portador do Oxú — o símbolo da aliança formal entre o iniciado e seu Orixá. Por isso, a galinha tem o corpo coberto de pintas brancas e uma crista cônica na cabeça, que simbolizam a cabeça do iniciado (chamada adósù = “cabeça que levou o Òsù”).
Ela é vista como o primeiro ser vivo a receber o àṣẹ (força vital ou energia sagrada), transmitindo vida, equilíbrio da alma e proteção contra a morte. Atua como veículo que espalha a terra na criação do mundo e como elo de comunicação direta entre os homens e os deuses.
Importância
A galinha de Angola tem importância ritual fundamental, sendo indispensável em todas as cerimônias de iniciação (borí), obrigações de ano, oferendas e rituais (orôs). Sua presença legitima e reforça a conexão espiritual do iniciado com seu Orixá, garantindo que os rituais tenham validade e força.
Ela também simboliza a individualidade do filho-de-santo, o renascimento espiritual e o ideal de plenitude da vida dentro do terreiro.
Uso nos rituais
- É oferecida em sacrifícios ritualísticos para fortalecer o àṣẹ do iniciado.
- O òṣù, uma pintura simbólica feita com pó de efun (pó branco sagrado), é fixado em seu corpo em alusão à proteção e ao símbolo do iniciado.
- Durante a iniciação, o òsù é colocado na cabeça do iniciado, fazendo dele um adósù.
- É associada a Orixás como Oxalá e Oxum, mas seu uso vai além dos específicos, simbolizando os fundamentos do culto.
A galinha de Angola, portanto, é não só um animal ritualístico, mas um poderoso símbolo vivo da aliança espiritual, do renascimento e da continuidade da tradição iorubá.
Da redação