O Ilê Omolu Oxum, em São João do Meriti, inaugurou a Biblioteca Comunitária Ekedi Neide de Oxaguiã, que reúne um acervo valioso que mistura tradição oral e documentos históricos, com obras do terreiro e da coleção particular de Mãe Meninazinha de Oxum, aos 88 anos, incluindo textos sagrados e registros da comunidade. A biblioteca também conta com doações de instituições culturais brasileiras, fortalecendo o acesso à cultura afro-brasileira e facilitando o diálogo entre saberes tradicionais e acadêmicos.
Mãe Nilce de Iansã, coordenadora do projeto, ressalta que a biblioteca é mais que um local de livros, é um espaço vivo de transmissão de conhecimentos ancestrais por meio de rodas de leitura e oficinas educativas. O nome homenageia Ekedi Neide de Oxaguiã, reafirmando a importância feminina na preservação do Candomblé.
Além da biblioteca, o Ilê abriga a Galeria de Arte Mãe Meninazinha de Oxum, com a exposição “Odara – Entre cores e memórias”, que apresenta pinturas inéditas feitas entre 2004 e 2011, sob curadoria de Marco Antonio Teobaldo. A exposição expressa a conexão espiritual da artista, relacionando o conceito iorubá “odara” (belo, bom) à memória coletiva afrodescendente e à resistência cultural.
O espaço também conta com o Museu Memorial Iyá Davina, fundado em 1998, que guarda mais de 150 itens relacionados à história do terreiro e das tradições afro-brasileiras, reconhecido oficialmente pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e referência para pesquisadores e comunidade tradicional.
O Ateliê Obirin Odara, criado em 2013, mantém viva a tradição das técnicas de costura herdadas de Iyá Davina, produzindo roupas e acessórios ligados à cultura afro-brasileira e acolhendo mulheres vítimas de violência.
Esse conjunto cultural reforça a luta pelo reconhecimento dos terreiros como espaços legítimos de preservação do patrimônio afro-brasileiro, alinhando-se a políticas públicas de igualdade racial e valorização da diversidade cultural.
Redação