Foto: Fundarpe/Divulgação
Fundado oficialmente em 1875, treze anos antes da abolição da escravatura no Brasil, o Ylé Obá Ogunté — conhecido como Sítio de Pai Adão — é o terreiro mais antigo e um dos mais respeitados da tradição Nagô/Yorubá em Pernambuco. Consagrado à orixá Yemojá Ògúnté, esse espaço sagrado mantém viva a ancestralidade dos Orixás e representa uma importante resistência cultural, preservando os rituais, a história e a identidade afro-brasileira até os dias atuais.

Hoje, o Ylé Obá Ogunté, conhecido popularmente como Sítio de Pai Adão, celebra 40 anos desde seu tombamento oficial e 150 anos de existência, sendo um dos terreiros mais antigos e importantes da tradição Nagô/Yorubá em Pernambuco. Este terreiro é um espaço sagrado que resguarda a ancestralidade e a liturgia dos Orixás, com destaque especial para a orixá Yemojá Ògúnté, a divindade das águas do mar à qual o terreiro é consagrado.
Fundado em 1875 pela ialorixá africana Ifatinuké, também chamada Inês Joaquina da Costa ou Tia Inês, o Sítio foi erguido em um território rural que corresponde ao início dos primeiros moradores do bairro Água Fria, no Recife. Um dos símbolos vivos da casa é a imponente gameleira centenária, o Iroko, árvore sagrada que representa a ligação espiritual entre os fiéis e os Orixás, especialmente para a tradição Nagô, onde cada axé (energia sagrada) é reverenciado segundo a cosmologia yorubá.

O terreiro segue a tradição litúrgica Nagô, oferecendo um espaço para o culto, as festas, os ritos e as indumentárias próprias dos Orixás, cada um com suas cores, músicas, danças e comidas rituais específicas. Um dos rituais mais conhecidos e emblemáticos da casa é o “Presente de Iemanjá” ou “Panela de Iemanjá”, que expressa reverência à mãe das águas, Yemojá, fundamental para os devotos e para a cultura do Recife, cidade entrecortada por rios e com uma forte ligação com o mar.
O nome do terreiro, Sítio de Pai Adão, homenageia Felipe Sabino da Costa, o Pai Adão, um dos maiores babalorixás pernambucanos, reconhecido por sua contribuição à propagação da cultura nagô e do culto aos Orixás em Pernambuco. Pai Adão teve papel relevante no estabelecimento de outros terreiros e no fortalecimento do Xangô pernambucano, sendo referência para estudiosos, antropólogos e para a comunidade religiosa local. Sua ligação direta com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde orientou pesquisas no programa de antropologia, demonstra a interlocução profunda entre a tradição religiosa e a academia.

Além dos rituais públicos que envolvem toda a comunidade, como as festas anuais e celebrações de Yemojá, o terreiro preserva rituais internos essenciais para a manutenção do axé e o fortalecimento das relações com os Orixás. Estes incluem ossés (limpezas espirituais), sacrifícios tradicionais, restrições alimentares, vestimentas específicas e ritos de iniciação que mantêm os fundamentos do culto ortodoxo da nação Nagô.
Mais do que uma casa religiosa, o Sítio de Pai Adão é um centro vivo de memória e resistência cultural, onde as tradições dos Orixás são transmitidas de geração em geração, reafirmando sua importância para a identidade negra pernambucana e para a história das religiões afro-brasileiras no Brasil. O Museu do Estado de Pernambuco reconhece essa relevância ao incluir o Sítio no núcleo “Xangô Pernambucano”, manifesto na exposição “Pernambuco, território e patrimônio de um povo”, ressaltando o papel dos Orixás na formação cultural regional.
A presença do Sítio de Pai Adão é um símbolo da vitalidade do culto aos Orixás e da conexão espiritual com as forças da natureza, que permeiam a vida dos fiéis. É um espaço onde o sagrado e o cotidiano se entrelaçam, fortalecendo a religiosidade afro-brasileira e preservando a tradição Nagô em seu formato autêntico, em um Recife que honra suas raízes africanas.

Hoje, o Ylé Obá Ogunté, mais conhecido como Sítio de Pai Adão, celebra 40 anos do seu tombamento, no mesmo ano em que faz 150 anos de existência. O terreiro é considerado um dos mais antigos da tradição Nagô/Yorubá, tendo uma grande relevância histórica para compreensão das religiões de matrizes africanas no Brasil e para o xangô pernambucano.
Em 1985, foi o primeiro terreiro tombado por um governo estadual. Entre os presentes, estiveram o antropólogo Raul Lody, o secretário de Turismo e Cultura Francisco Bandeira de Melo, o então presidente da Fundaj Fernando Freyre, o presidente da Fundarpe Roberto Pereira, entre outros, conforme fotos do arquivo pessoal de Raul Lody (foto 1 e 2).
O Sítio foi fundado em 1875 pela nigeriana Ifatinuké ou Inês Joaquina da Costa, mais conhecida como Tia Inês, em uma área rural que data o início dos primeiros moradores do bairro de Água Fria. O maior destaque do terreno que abriga o sítio é o Iroko – uma gameleira centenária, única no Recife, que tem um significado especial e sagrado no culto aos orixás.

O terreiro, que é consagrado à orixá Yemojá Ògúnté, recebeu o nome de Pai Adão em homenagem a um dos sacerdotes da Cultura Nagô em Pernambuco. Ele ajudou a fundar terreiros e tornou-se referência na cidade, destacando-se entre os estudiosos nas religiões de matriz africana. Inclusive, na época, Pai Adão, foi contratado pela UFPE para orientar pesquisadores e estudantes no programa de antropologia da universidade coordenado por Renê Ribeiro.
É evidente e inegável a importância do Sítio de Pai Adão na construção de identidade cultural do povo pernambucano, como também para a história do Brasil. No Museu do Estado de Pernambuco, temos um núcleo denominado Xangô Pernambucano localizado na exposição “Pernambuco, território e patrimônio de um povo” que conta sobre a importância das religiões afrobrasileiras para formação dessa identidade sob a curadoria do antropólogo Raul Lody.