Celebrado em 27 de setembro, o Dia de Cosme e Damião é uma das festas religiosas mais populares e democráticas do Brasil, presente tanto em centros urbanos quanto em regiões periféricas. Conhecida pela tradição de distribuir balas e doces para crianças, a data sintetiza influências da tradição católica, do Candomblé e da Umbanda, constituindo um importante símbolo do sincretismo religioso brasileiro.
A ministra Macaé Evaristo fez referência à data em seu discurso de posse no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, destacando seu significado: “A alegria das crianças. Hoje é dia de Cosme e Damião, que essa alegria nos invada. A alegria das crianças é, portanto, resistência, porque elas não se rendem”.
Sincretismo e transformação cultural
Conforme explica Dennis Oliveira, professor da USP e pesquisador de cultura popular, Cosme e Damião eram originalmente irmãos gêmeos que praticavam a medicina de forma gratuita até seu martírio por volta de 300 d.C., sendo venerados pela Igreja Católica Apostólica em 26 de setembro. No entanto, ao chegar ao Brasil, a festa passou por um processo de “africanização”, sendo ressignificada pelas religiões de matriz africana.
A conexão com os Ibejis
Nas tradições de origem iorubá, Cosme e Damião são associados aos Ibejis (ou Erês), entidades que representam dualidade, infância e pureza. Considerados protetores das crianças, os Ibejis trazem alegria, prosperidade e harmonia para os lares, o que explica o costume de presentear os pequenos com doces, balas e brinquedos.
Além do aspecto religioso, a data adquiriu um caráter comunitário e solidário, sendo marcada pela distribuição de alimentos e presentes em diversas comunidades. Assim, a festa de Cosme e Damião transcende o ambiente religioso, transformando-se em um evento cultural que celebra a generosidade, a infância e a riqueza das tradições afro-brasileiras.
Fonte: tvtnews