Educação antirracista: líderes defendem ensino da cultura afro-brasileira

Líderes e mestres da cultura popular reforçam a necessidade urgente de implementação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras e africanas em todas as escolas do país. Eles apontam que, além de ainda não ser integralmente cumprida, a lei é fundamental para combater a intolerância e o racismo estrutural.

Isabel Casimira, Rainha de Congo e dirigente da Federação dos Congados de Minas Gerais, critica a aplicação superficial da lei: “Tem escola que finge que faz, coloca uma estante com alguns livros só para dizer que tem”. Ela defende que o conhecimento é a chave para o respeito entre diferentes religiões e manifestações culturais.

Claudinei Matias do Nascimento, o Mestre Prego, do Congado Nossa Senhora do Rosário e Escrava Anastácia, relata casos de intolerância religiosa. Seu grupo foi proibido de entrar em uma igreja em Tiradentes por trazer em sua bandeira a referência à Escrava Anastácia – um símbolo de resistência negra. Ele ressalta a invisibilidade da história negra: “Foram escravizados que pavimentaram as ruas e construíram as igrejas dessa cidade, mas essa história é silenciada”.

Ambos participaram de debates durante o 14º Festival Artes Vertentes, em Tiradentes, onde destacaram a importância de valorizar as contribuições negras e indígenas na formação do Brasil. Isabel, que também é codiretora do premiado filme “A Rainha Nzinga Chegou”, realiza palestras em escolas para formar professores, muitos dos quais não possuem conhecimento adequado sobre religiões e culturas de matriz africana.

Ela dá um exemplo simples de como pequenas mudanças na linguagem podem fazer grande diferença: “Em vez de generalizar, a professora pode dizer ‘alguns povos de candomblé vestem vermelho’. Isso evita estereótipos”. Mestre Prego complementa que, enquanto recebe demandas de escolas de outros estados, percebe falta de interesse local em abordar essas temáticas.

A educação é apontada como caminho essencial para que as novas gerações conheçam a própria história e aprendam a respeitar as diferentes expressões de fé e cultura, combatendo assim a discriminação e valorizando a diversidade que compõe a identidade brasileira.

Fonte: Agencia Brasil

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