No Candomblé e nas tradições de matriz africana iorubá, as penas são muito mais do que simples adornos. Elas são símbolos de axé (poder vital), identidade espiritual, hierarquia e conexão com as forças da natureza. Cada cor e tipo de pena carrega um significado profundo, vinculado a um orixá específico e a seus domínios. | |
KÓDÍDE, ÌKÓÓDE ou IKODIDÉ![]() | A Pena Vermelha do Nascimento e do Poder Feminino Trata-se de uma pena vermelha extraída da cauda de um papagaio africano da espécie Psittacus erithacus, conhecido popularmente como papagaio-cinzento, papagaio-do-gabão ou papagaio-do-congo. Entre o povo iorubá, a ave é denominada Odíde ou Odíderé. Esta pena, chamada Kódìde ou Ìkóóde, tornou-se a “Rainha entre todas as aves”. É um poderoso símbolo da fecundação, da menstruação, da gestação e do nascimento, representando a essência do poder feminino e da criação. Como representação máxima de realeza, honra e status, seu significado espiritual está acima até mesmo da simbologia do Adé (a coroa). Quando fixada à frente da cabeça, ela representa o processo iniciático e confirma solenemente os ritos de iniciação e de passagem. |
ÀLÙKÒ ![]() | A pena de cor púrpura (entre escarlate e violeta) é extraída das asas da ave africana Turaco, da família dos Musophagidae (especificamente de espécies como o Tauraco ruspolii). Nos mitos iorubás, esta pena, chamada Àlùkò, é descrita como pertencente ao pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – a divindade das águas doces e lagoas, frequentemente associada a Yemòjá. O seu poder ritualístico é interdependente: da mesma forma que a sua contraparte, a pena azul Agbé, o Àlùkò somente age e manifesta o seu axé (poder espiritual) quando utilizado em sua companhia. Esta dupla forma um par inseparável no simbolismo das águas. |
LÉKELÉKE ![]() | A pena de cor branca é extraída da ave Bubulcus ibis, conhecida popularmente como garça-vaqueira ou garça-boiadeira. Nativa da África e do sul da Europa, a espécie atingiu o Brasil naturalmente por dispersão, tornando-se comum a partir da década de 1960. Nos mitos iorubás, esta pena, chamada Lékéléke, é descrita como pertencente ao pássaro que carregava boa sorte e riqueza para Òrìsànlá (também conhecido como Ọbàtálá) e toda a sua corte. Ela é o símbolo por excelência de todos os Orixás Funfun (os orixás vestidos de branco, associados à criação, pureza e tranquilidade), representando a paz, a serenidade e a elevação espiritual. |
AGBÉ ![]() | A pena de cor púrpura (entre escarlate e violeta) é extraída das asas da ave africana Turaco, da família dos Musophagidae (especificamente de espécies como o Tauraco ruspolii). Nos mitos iorubás, esta pena, chamada Àlùkò, é descrita como pertencente ao pássaro que carregava a boa sorte e a riqueza para Olosa – a divindade das águas doces e lagoas, frequentemente associada a Yemòjá. O seu poder ritualístico é interdependente: da mesma forma que a sua contraparte, a pena azul Agbé, o Àlùkò somente age e manifesta o seu axé (poder espiritual) quando utilizado em sua companhia. Esta dupla forma um par inseparável no simbolismo das águas. |